domingo, 23 de dezembro de 2012

O Soldado Desconhecido (1)


NRP Lima fez 67º de inclinação no Mar dos Açores em 30/01/1943
Hoje apetece-me trazer ao “Conto...” a história dos heróis portugueses.
Não há propriamente uma razão muito evidente para este apetite, mas deu-me para aqui e para dar testemunho dos valores portugueses não há datas próprias. Qualquer data é boa.

Se há Nação que despreza tudo o que tem de melhor é Portugal. Para os portuguese o que é português é... mau. Trata-se de uma estupida herança dos 50 anos de isolamento, fechados nas nossas fronteiras terrestres, tendo como caminho de saída único o mar e mesmo assim apenas para os espaços controlados, ou pseudo-controlados, por Portugal. Durante todo esse meio século ter algo fabricado no estrangeiro representou um “status”, e se viesse diretamente de lá, então, maior era o seu valor, fictício, mas valor.
Foi a época dos pedidos especiais, verdadeiras cunhas ao amigo felizardo que ia de viagem, para comprar na “free-shop” de um aeroporto qualquer algo que, não havendo cá, ganhava foros de raridade. Atente-se que a Coca-Cola não teve autorização para ser comercializada em território português europeu, o Portugal atual.

E nestes meandros do desprezo pelo que é português, entra com particular crueldade o esforço militar de milhões de portugueses que, desde 1911, lutaram em circunstâncias geralmente dramáticas pela manutenção da Pátria, aquela coisa que se aprendia na escola, valer mais do que a própria vida.
Estou a limitar esta chamada ao início do século XX porque para trás a história é outra e aí até em santos se transformam soldados cuja especialidade principal foi matar gente. E de tal modo que, segundo parece, quanto mais mataram mais santos ficaram...
Desde a 1ªGrande Guerra (1911/1914) até aos nossos dias, os dirigentes desde desgraçado país sempre mostraram vergonha dos seus heróis. Os homens que deram a vida, a saúde e muitas vezes parte do seu corpo, têm sido sistematicamente esquecidos e não poucas vezes espezinhados, pelos dirigentes civis e militares.
 
Havia começado há pouco o ano de 1943, completar-se-ão 70 anos dentro de 2 meses, e a 2ª Grande Guerra ganhava dimensão dia a dia, quando a Marinha portuguesa foi chamada a um processo de salvamento no mar dos Açores para quem não está nesta onda convém explicar que ao largo dos Açores passavam as rotas de navegação que atravessavam o Atlântico, tanto para navios mercantes como militares.
É desse acontecimento que juntei algumas notícias e informações internas da Marinha Portuguesa, além da correspondência diplomática que então foi trocada e que chegou até nós. Tratou-se de socorrer um navio americano, realmente foram 2 navios, bombardeados e afundados pela marinha alemã que tentava impedir as ligações entre os dois lados do Atlântico.
Na época Portugal até tinha Marinha, navios de guerra, marinheiros e tudo.

Um desses navios foi o Contra-torpedeiro Lima, em inglês chama-se “destroyer”, que estando estacionado em Ponta Delgada, partiu para executar a missão de salvamento.
 1ª pag. do Diário de Lisboa de 01/Fev/1943

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