quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A música ao serviço do bem público

São muitos os grandes nomes da, erradamente chamada, música de intervenção.
Só há dois tipos de música, a boa e a má ! Nada mais.
Depois tanto uma como outra podem, ou não, estar ao serviço do bem público e das causas que preocupam a humanidade.
A língua portuguesa teve desde sempre música boa, tanto ao serviço dos regimes do poder como contra ele, e assim sucede com outros, nomeadamente com a língua castelhana que, talvez por nos ser mais próxima, nos fala um pouco mais diretamente ao nosso próprio sentir.
Fanhais, Zeca, Adriano, Fausto, José Mário, Alegre, Gois, Gedeão,... tantos mais que cantaram os sons da Liberdade, da Fraternidade e da Humanidade em português, Patxi Andion, Los Poetas Andaluces, e também tantos outros que nas línguas da Nação vizinha fizeram outro tanto e continuam fazendo da luta contínua por um mundo melhor um objetivo de vida.
Hoje "tropecei" em Luis Aguilé !
Argentino, músico e velho.
Trago para o "Conto" o seu "Señor Presidente" dedicado a todos os Senhores Presidentes do mundo, mas aqui só para nós, muito dedicado a todos os políticos que gevernaram, governam e, para mal nosso, vão continuar a governar Portugal.
Aqui o deixo no seu último concerto em Buenos Aires, a grande capital das Mães da Praça de Maio e do Tango tocado, cantado e dançado pelas esquinas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Quando os "Putos" pensam...

Cerveja é o refrigerante de adulto
Calcanhar é o queixo do pé.
Avestruz é a girafa dos passarinhos.
Alegria é um palhacinho no coração da gente
Esperança é um pedaço da gente que sabe que vai dar certo
Helicóptero é um carro com ventoínha em cima
Cobra é um bicho que só tem rabo
Vento é ar com muita pressa.
Rede é uma porção de buracos amarrados com cordel.
Deserto é uma floresta sem árvores.
Felicidade é uma palavra que tem música.
Arco-íris é uma ponte de vento.
Sono é saudade de dormir.
Palhaço é um homem todo pintado de piadas.
Relâmpago é um barulho rabiscando o céu.
Paciência é uma coisa que a mamã perde sempre

O SANTO

Portugal é, desde a sua fundação com Afonso Henriques, palco de sucessivas intervenções divinas. Sempre que a Nação esteve em perigo, sempre que as guerras podiam desencadear desgraças nas famílias reinantes ou, depois disso, no bom andamento da República, sempre, sempre, alguma manifestação do divino ajudou a dar clarividência e inteligência aos cérebros dos governantes.
Foi assim com Afonso Henriques (Ourique, 1139), foi com o Infante D.Henrique na proteção às naus e aos navegadores, foi com D.Dinis e com sua mulher milagreira Isabel que é Santa, foi em 1640 com Nuno Ávares Pereira que é Santo (a padeira deu um jeito mas a santidade é dele), foi durante as grandes dificuldades do Estado Novo com a parceria privada-privada (PPP) entre António Salazar e Manuel Cerejeira que sempre arranjou uns milagres nos momentos de aflição para amainar a ondulação mantendo-a alegremente pobrezinha, quero dizer muito “flat”.
Nos tempos que vamos vivendo os milagres estão cada vez mais difíceis, talvez por causa da crise, mas em Portugal estas manifestações divinais mantém uma regularidade que só nos pode alegrar e fazer com que todos agradeçamos estas graças com que o Além nos beneficia, para satisfação nossa e grande alegria dos nossos Amigos Europeus (e outros) quando estes acontecimentos chegam ao seu conhecimento. Fartam-se de rir.
E desde há umas dezenas de anos (pelo menos desde os “setentas” do século passado) que o divino escolheu um médium especialmente preparado para ser o intérprete ideal destas manifestações e vontades divinais.

De seu nome Aníbal, por acaso também Cavaco Silva.
E são múltiplas as provas desta bondade.
1-      Não é por acaso que um português comum que nasce num Poço, de repente descobre que afinal nasceu numa belíssima Fonte, passados já umas dezenas de anitos sobre a ocorrência daquela maternidade;
2-      Não pode ser por acaso que um qualquer português comum que resolve fazer a rodagem a um automóvel novo, calmamente andando, percorrendo as estradas com lindas paisagens deste jardim resolve repentinamente meter direito à Figueira da Foz, sem querer, sem planear, quiçá contrariado, e regressar não só com a rodagem do carro feita, mas também chefe aplaudido de um dos maiores partidos portugueses;
3-      Não pode ser por acaso que o povo português escolheu, entre tantos políticos disponíveis para o sacrifício, logo aquele político concreto que não só nunca se engana mas, mais, raramente tem dúvidas;
4-      E naturalmente com essas características, mesmo sem ler jornais, o povo português entendeu elegê-lo acima de todos os outros por 5 vezes (cinco). Só a iluminação divina pode ter esclarecido tão esclarecidamente este povo;
5-      Não pode ser por acaso que as coitadas e habitualmente ranhosas vacas açorianas brindaram este eleito divino com sorrisos nunca antes adivinhados;
6-      Não pode ser por acaso que tenha acontecido nesta época, com este escolhido, neste Maio (dia 13), que a maldita “troika” tenha acabado por aceitar as condições violentamente impostas pelo Estado Português para  continuação da ajuda financeira a Portugal numa avaliação que, só podia mesmo ser a sétima. É nesta avaliação assim ordenada (a 7ª) que se revela a vitória final  das forças divinas do bem (Fátima) sobre as demoníacas do mal (Troika) como muito esclarecidamente revelou o Senhor Presidente;
7-      Descobre-se agora que aquele infeliz acontecimento da Bandeira Nacional de pernas para o ar foi clara e nítida influência do demo Merkeliano;
8-      Não pode ser portanto surpresa a notícia de hoje sobre o fim desta fase de avaliações (em “Negócios”-15/05/2013). Agora só depois do Verão. Desde a construção do Universo que o construtor divino descansa após o 7º esforço.

Tudo isto só pode ter explicação na inspiração divina. É assim, temos cá o Santo ! Tal como está nas bem aventuranças, “abençoados sejam os pobres de espírito porque deles será o reino dos Céus (Mateus, v.3)”.

ESPERANÇA... EM QUÊ ?

E pergunta-se...

Alguém pergunta a alguém
 – Então pá, como vai a vida ?
E a resposta do costume, a resposta de sempre
–Eh pá, assim, assim...
ou em alternativa
– Menos mal, pá...
A vida vai assim, assim, para este “pá” e para a grande, para a enorme maioria dos “pás” portugueses, o que quer dizer em mais vernáculo “a vida vai uma merda...” .
É o sentimento generalizado nas ruas de Lisboa, por onde se anda e nos cafés e pequenos restaurantes que resistem, ainda, é este o princípio de todas as conversas.
A verdade porem é que a vida vai “assim, assim...” apenas para alguns, porque para uma quantidade cada vez maior a vida não vai de maneira nenhuma.
Parou, parou no espaço e no tempo, ficou numa hibernação de esperança sem alicerces, mas ainda assim esperança, apenas porque essa é a última a morrer.
Já tudo morreu à volta, resiste teimosamente a esperança.
Esperança em nada, mas esperança.
Vida, entre humanos, quer dizer sociedade, quer dizer que se trocam palavras de ideias, de histórias, de coisas que aconteceram aos próprios ou a familiares e amigos, ou tão somente que foram vistas nos jornais ou na televisão.
Só que para isso é necessário que as pessoas (os “pás” que por aí andam) se encontrem !
E as pessoas (os pás que por aí andam) começam a não se encontrar.
As pessoas (os pás que por aí andam) começam a não sair à rua (começam a não andar por aí), e portanto deixam de ir aos tais pequenos cafés ou restaurantes que resistem (ainda) e começa, de facto já começou, a ouvir-se menos e menos o:
– Então, pá, como vai a vida ?
Ao individualismo crescente que se instalou entre nós há 30, 40 anos, sucede agora e isolacionismo.
As pessoas isolam-se, já não é um individualismo, é muito pior do que isso.
Porque individualismo é um esquema mental de vaidade desenvolvida por quem se auto define como superior e por uma febre qualquer que por aí passou, todos se começaram a julgar superiores aos restantes, e individualizaram-se, convictos de que se bastavam a si próprios e cada um que se desenrascasse.
Agora trata-se do isolamento, isolamento que resulta da falta de meios, da falta de dinheiro ao menos para o passe dos transportes públicos.
E já nem sequer vale a pena referir a gasolina ou o gasóleo para o carro, porque esse, o carro, ou ficou parado na rua, uma rua qualquer, ou foi vendido rendendo uma miséria nas mãos de outro pobre que teve ali a sua oportunidadezinha de ter um carrito por uma semana, ou nas mãos de algum agiota, desses para quem esta época é de ouro.
E não havendo sequer o passe, a solução é ir ficando por casa, com a família que houver, se houver, também ela toda presa nas paredes que ainda resistem.
E neste isolamento se vão ficando os portugueses, cada vez mais, sem o emprego que faliu ou do qual foi despedido por usura ou oportunismo do patrão, e portanto sem o dinheiro que dali resultava (é melhor pouco do que nenhum) sem capacidade de movimentação e o que é pior, sem vontade de movimentação.
É preciso passar a viver com a “vergonha” de não ter nem dinheiro para o passe, nem dinheiro para a bica, nem cara para olhar os outros humanos, muitos em idêntica situação, e muitos em isolamento crescente também.
Então o que é que fica aos que ainda assim resistem sem acabar com a vida ?
É a esperança... em nada, porque entretanto se perderam as perspetivas e os objetivos de vida, se alguma vez existiram, se perderam metas a atingir, mesmo para os que nunca as tiveram mas julgavam ter, e perderam-se os interesses porque nem sequer se sabe “o interesse em quê ?”.
Fica a esperança de que “isto” passe, de que alguém apareça que resolva “isto”, habituados que fomos a que alguém resolva por nós os problemas que nunca reconhecemos serem os problemas de todos.
Alguém me falava há dias do “coletivo”...
O “coletivo” que pensa, o “coletivo” que diz, o “coletivo” que resolve.
Qual é o “coletivo” dos portugueses ?
Em Portugal só houve coletivo quando houve um inimigo comum.
Só fomos capazes de um coletivo verdadeiramente assumido quando houve um inimigo assumido.
Para destruir o inimigo, fosse ele qual fosse (Adamastor, espanhol, castelhano, mouro ou “turra”), real ou inventado, aí sempre apareceu o invencível coletivo português (ainda se lembram de Timor ?).
E agora é a Merkel... ela que se cuide.
Para construir nunca os portugueses tiveram um coletivo que não fosse por imposição absoluta, e afinal é disso que muitos estão à espera, de alguém que apareça, sabe-se lá de onde, e imponha pela força a reposição daquilo a que lhes ensinaram serem os “direitos adquiridos”, dos quais já ninguém tem a coragem de falar.
E é esta esperança que vai alimentando muito do imaginário do futuro dos “pás” portugueses.
Triste esperança, pobre esperança e, pior do que isso, indesejável esperança.
- Óh pá, quando mal nunca pior, pá...