terça-feira, 29 de outubro de 2013

Os grandes projetos - 1º

Neste fim de semana de mudança de hora, a aproximação do solstício de inverno obriga ao cumprimento destas convenções horárias, deu-me para Vos trazer 2 estorinhas que Vos vou contar e que, como quase todas as estorinhas, começam com: - Era uma vez...

1ª estorinha
Era uma vez um homem que sofria do coração. Terrivelmente... Palpitações, aceleração cardíaca ou, pelo contrário, outras vezes grande lentidão de batimento. Análises feitas, exames cuidadosos, TAC’s, mais análises, ressonâncias, mais análises... experiências sobre experiências. Vieram especialistas daqui e de acolá, o paciente foi aqui e acolá, até que as equipas médicas ditaram o diagnóstico. A solução é o transplante. Aquela “máquina” não está em estado de recuperar com segurança. Só por substituição, mesmo correndo os riscos todos envolvidos no melindre da operação indispensável.

Havia que preparar toda a operação, a que envolvia o paciente, ele mesmo, mas ainda antes disso toda a preparação necessária para encontrar um coração suficientemente credível, em idade e em saúde, que ficasse disponível para a substituição. Análises de compatibilidade, mais do que muitas, avisos de alerta para a necessidade, todos os acidentados por esse mundo afora foram analisados na expectativa de se encontrar um coração capaz de substituir o coração doente.
E de repente, não mais que “de repente” (diria o poeta), eis que apareceu a boa nova, foi encontrado um coração disponível em condições perfeitas. Até essa altura tinham sido consumidos mais de 500 mil euros nas pesquizas. A dificuldade estava então na conservação, acomodação e transporte do órgão até ao hospital onde o doente permanecia à espera. Contas feitas foram mais 200 mil euros para esta fase da manutenção e transporte do coração, sempre acompanhado por um especialista de nome e uma enfermeira experiente, avião alugado especialmente para o efeito, batedores da GNR em terra e tudo o mais para garantia do êxito da operação.

Tudo preparado, equipa médica a postos, anestesistas, enfermeiros, especialistas de todas as especialidades, foram buscar o doente à sala onde se encontrava resguardado.
Tinha morrido. O hospital não teve 49 cêntimos para uma garrafita de água oxigenada indispensável para a desinfeção de pequeníssima ferida que lhe surgiu num pé, fruto de uma ida à casa de banho mesmo na véspera da operação final.

FIM
JPS-26Out2013 (a 2ª estorinha vem a seguir)

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